Estudo de Caso: Gramática X
Verbo
Peças pregadas pela língua
portuguesa com uma pequena ajuda e conivência da gramática, a senhora feudal da
linguagem, seduzida por um momento de flerte intencional do verbo, esse
romântico “Don Juan”, ora regular, ora infinitivo – mas sempre reflexivo.
Versão da Gramática
Num certo momento de
inspiração, onde maravilhosas e ortográficas ondas de calor hermenêutico e
sedução silábica proveniente do réu, invadida por promessas de desejo
onomatopaico e paixão lingüística, incendiadas pelas chamas da comunicação
direta (ativa e passiva), saídas do ventre vertiginoso das letras, surgida na
alma da criatividade, com todas as segundas intenções possíveis, imagináveis e
totalmente realizadas da parte do réu.
Após as ilusões provenientes
da possibilidade certa de uma produção literária independente, vociferada pela
oportunidade de uma união consentida e consumada diversas e diversas vezes, com
introduções sobre assuntos profundos, discutidos até a exaustão, e agora, sem
ao menos, o auxílio deste verbo defectivo, irregular e anômalo!
Versão do Verbo:
No princípio dos tempos,
apenas eu: simples, sucinto, sem adjuntos, locuções ou concordâncias. Autêntica
vida de solteiro. Festas, saraus, comemorações com bastante apoio da linguagem,
em todas as conjecturas.
Seduzido pelas formas
voluptuosas, sinuosas e generosas da Gramática – irresistível, palatável e
apetecível.
Decerto também ilusão
sofrida! Imaginada todas as tentativas de convívio com a autora do processo,
porém, oportunidades perdidas e, após um relacionamento diferenciado com o
aposto verbo, agora mudo, calado completamente pelas circunstâncias descritas
acima, como única opção, separação!